domingo, 7 de novembro de 2021

AUTISMO E ADOLESCÊNCIA: O QUE FAZER QUANDO AS CRIANÇAS CRESCEM?

O primeiro amor, o primeiro beijo e muitas outras descobertas marcam a adolescência. É um período de sentimentos confusos, quando as crianças deixam de ser tão infantis e inocentes para começar a descobrir o próprio corpo e os dos outros. A ação dos hormônios leva ao amadurecimento e os jovens autistas se desenvolvem sexualmente, mas, continuam presos a seu mundo infantil.

É preciso que pais, escola e profissionais acolham essas mudanças e orientem os adolescentes. É a hora em que a vontade de fazer amigos é mais forte, mas uma barreira invisível parece impedir o contato. Na adolescência acontecem as primeiras paixonites e o sentimento de rejeição pode ser muito forte e levar à depressão. Enfim, as crianças estão crescendo independentemente do espectro e será preciso prepará-las da melhor forma possível para o futuro.

Um pouco de autonomia

Os autistas severos ainda podem ter dificuldade para se alimentar ou tomar banho e se vestir sozinhos. Não dá mais para adiar essa conquista. Os pais podem contar com a ajuda de profissionais, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, para agir. Uma dica preciosa é criar uma rotina simples, com tarefas essenciais como sempre escovar os dentes depois das refeições e antes de dormir.

Mudanças são um ponto sensível para os autistas, então, uma vez criados esses hábitos, o adolescente ganhará autonomia. É preciso que os pais abram espaço para esse crescimento. Deixem que o jovem escolha o que vestir e o que comer, por exemplo. É hora de permitir a vaidade e ensiná-lo a se virar quando os pais não estão por perto. 

Para as crianças que já conquistaram essa autonomia básica, o desafio serão as mudanças no corpo. As explicações precisam ser claras e ajustadas ao nível de compreensão.

A ajuda deve ser prática. Alguns autistas são muito sensíveis a cheiros. Ajude a escolher o desodorante se necessário. As meninas precisam aprender a usar o absorvente e a cuidar da higiene. O barbear dos meninos é outro ponto de atenção. Pode ser uma boa ideia oferecer um barbeador elétrico, mais fácil de usar do que as lâminas, por exemplo. Lembre as crianças de que crescer é natural. Nada de errado ou ruim está acontecendo.

Sexualidade

Os especialistas não sabem por que, mas a incidência dos transtornos do espectro autista é muito mais presentes nos garotos. A proporção é de quatro meninos para cada menina. Com o despertar dos impulsos sexuais, a masturbação e o interesse sexual são impactantes aos garotos. É preciso orientar com firmeza sobre o comportamento correto para evitar que os meninos se masturbem em público, por exemplo.

A comum dificuldade de relacionamento será ainda mais pronunciada nos autistas. A rejeição da primeira paixonite pode ser devastadora. É preciso haver orientação psicológica e atenção para evitar quadros de depressão e outros transtornos comportamentais.

Os adolescentes autistas também têm uma percepção diferente das intenções e do comportamento de outras pessoas. É preciso ficar atento para possíveis casos de abuso sexual.

A escola

O sentimento de muitos pais é de que a escola diminui os cuidados à medida que a criança cresce. Por mais difícil que seja fazer mudanças para os portadores dessa condição é fundamental que o adolescente esteja em um ambiente seguro. Busque uma instituição que realmente investe na inclusão e combate o bullying com efetividade.

Existe a mística de que os autistas são pessoas geniais. É verdade que alguns gênios, como Einstein, são reconhecidamente autistas, mas em geral existe certa dificuldade de aprendizagem. É preciso que a escola ajude a criança a aprender da melhor forma possível.

Autismo não é doença. Não há cura para esse distúrbio de desenvolvimento, mas as crianças crescem e precisam do apoio de toda a sociedade para viverem bem.

Os autistas mais funcionais, na fase da adolescência, irão se afastar um pouco dos pais. Incentive a participação em grupos de apoio com outros jovens autistas. É hora de crescer em todos os sentidos e deixar crescer é um desafio que se pode vencer.

Fonte: Hospital Presidente

Foto: Reprodução

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