quinta-feira, 28 de abril de 2022

INDÍGENA CONQUISTA ESPAÇO DAS MULHERES NA AMAZÔNIA ORGANIZANDO JOGOS DE FUTEBOL FEMININO

Considerada a cidade mais indígena do Brasil, São Gabriel da Cachoeira (AM) fica na região do Alto Rio Negro, a mais de 850 km da capital amazonense, Manaus, e abriga 23 povos indígenas diferentes, distribuídos em pequenas comunidades. Foi em um desses núcleos, na comunidade de Paraná Jucá, que nasceu Edneia Teles, do povo Arapaso.

Todas as quintas-feiras, entre 17h30 e 19h, Edneia e outras mulheres entram em campo, mais especificamente num campo de areia, em São Gabriel da Cachoeira. Desde 2019, o grupo Centenárias reúne mais de setenta mulheres, de 32 a 52 anos, que, por meio do futebol, fortalecem umas às outras.

“A gente joga sem esperar um título ou uma medalha, e sim para tirar o estresse. Chega de só trabalhar”, diz Edneia, 40, que é coordenadora de jovens na secretaria de esporte e lazer da cidade e também uma das cinco coordenadoras do Centenárias.

A paixão pelo esporte nacional acompanha Edneia desde a infância. Já adulta, mesmo enfrentando preconceito, atuou por três anos como meio de campo do time amador Nova União, até pendurar as chuteiras, em 2017, por conta de uma lesão no joelho. “Mulher não podia jogar. Era coisa de homem. Sempre tive que brigar pra outras mulheres não passarem por aquilo que eu passei, vendo os meninos brincarem enquanto eu não podia participar.” 

Com o avanço da vacinação no país, o Centenárias retomou suas atividades semanais. E a quinta-feira voltou a ser o dia mais esperado por essas mulheres, que enfrentaram tantos momentos difíceis durante a pandemia. Para Edneia, a retomada é mais uma prova do poder transformador do esporte e da união feminina.

Fonte: Razões para Acreditar

Foto: Marcus Steinmeyer

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