O primeiro amor, o primeiro
beijo e muitas outras descobertas marcam a adolescência. É um período de
sentimentos confusos, quando as crianças deixam de ser tão infantis e inocentes
para começar a descobrir o próprio corpo e os dos outros. A ação dos hormônios
leva ao amadurecimento e os jovens autistas se desenvolvem sexualmente, mas,
continuam presos a seu mundo infantil.
É preciso que pais, escola e
profissionais acolham essas mudanças e orientem os adolescentes. É a hora em
que a vontade de fazer amigos é mais forte, mas uma barreira invisível parece
impedir o contato. Na adolescência acontecem as primeiras paixonites e o
sentimento de rejeição pode ser muito forte e levar à depressão. Enfim, as
crianças estão crescendo independentemente do espectro e será preciso
prepará-las da melhor forma possível para o futuro.
Um pouco de autonomia
Os autistas severos ainda
podem ter dificuldade para se alimentar ou tomar banho e se vestir sozinhos.
Não dá mais para adiar essa conquista. Os pais podem contar com a ajuda de
profissionais, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, para agir. Uma dica
preciosa é criar uma rotina simples, com tarefas essenciais como sempre escovar
os dentes depois das refeições e antes de dormir.
Mudanças são um ponto sensível
para os autistas, então, uma vez criados esses hábitos, o adolescente ganhará
autonomia. É preciso que os pais abram espaço para esse crescimento. Deixem que
o jovem escolha o que vestir e o que comer, por exemplo. É hora de permitir a
vaidade e ensiná-lo a se virar quando os pais não estão por perto.
Para as crianças que já
conquistaram essa autonomia básica, o desafio serão as mudanças no corpo. As
explicações precisam ser claras e ajustadas ao nível de compreensão.
A ajuda deve ser prática.
Alguns autistas são muito sensíveis a cheiros. Ajude a escolher o desodorante
se necessário. As meninas precisam aprender a usar o absorvente e a cuidar da
higiene. O barbear dos meninos é outro ponto de atenção. Pode ser uma boa ideia
oferecer um barbeador elétrico, mais fácil de usar do que as lâminas, por
exemplo. Lembre as crianças de que crescer é natural. Nada de errado ou ruim
está acontecendo.
Sexualidade
Os especialistas não sabem por
que, mas a incidência dos transtornos do espectro autista é muito mais
presentes nos garotos. A proporção é de quatro meninos para cada menina. Com o
despertar dos impulsos sexuais, a masturbação e o interesse sexual são
impactantes aos garotos. É preciso orientar com firmeza sobre o comportamento
correto para evitar que os meninos se masturbem em público, por exemplo.
A comum dificuldade de
relacionamento será ainda mais pronunciada nos autistas. A rejeição da primeira
paixonite pode ser devastadora. É preciso haver orientação psicológica e
atenção para evitar quadros de depressão e outros transtornos comportamentais.
Os adolescentes autistas
também têm uma percepção diferente das intenções e do comportamento de outras
pessoas. É preciso ficar atento para possíveis casos de abuso sexual.
A escola
O sentimento de muitos pais é
de que a escola diminui os cuidados à medida que a criança cresce. Por mais
difícil que seja fazer mudanças para os portadores dessa condição é fundamental
que o adolescente esteja em um ambiente seguro. Busque uma instituição que
realmente investe na inclusão e combate o bullying com efetividade.
Existe a mística de que os
autistas são pessoas geniais. É verdade que alguns gênios, como Einstein, são
reconhecidamente autistas, mas em geral existe certa dificuldade de
aprendizagem. É preciso que a escola ajude a criança a aprender da melhor forma
possível.
Autismo não é doença. Não há
cura para esse distúrbio de desenvolvimento, mas as crianças crescem e precisam
do apoio de toda a sociedade para viverem bem.
Os autistas mais funcionais,
na fase da adolescência, irão se afastar um pouco dos pais. Incentive a
participação em grupos de apoio com outros jovens autistas. É hora de crescer
em todos os sentidos e deixar crescer é um desafio que se pode vencer.
Fonte: Hospital Presidente
Foto: Reprodução