Em 14 anos de atuação como preparador
físico de futebol, difícil é encontrar no currículo de Janderson Bessa algum
clube que ele não tenha ajudado a conquistar títulos e feito grandes trabalhos
e campanhas. A carreira desse cearense de 35 anos, que é formado em Educação
Física pela Unifor e graduado em Gestão Desportiva e de Lazer pelo IFCE; é Pós-Graduado em Treinamento Desportivo pela Uece e
Especialista em Fisiologia e Preparação Física pelo IWL, começou no futebol
amador no Projeto Atleta Nota 10 de Fortaleza, em pouco tempo começou a
construir sua brilhante carreira profissional nos clubes cearense e no
Nordeste, em passagens também por equipes da Paraíba e Sergipe.
Distante dos holofotes, os
preparadores físicos são tão importantes quanto os jogadores e técnicos em uma
equipe de futebol. São eles que zelam pelo desenvolvimento de cada atleta,
visando deixá-lo no máximo de sua capacidade física e assim permitir que o time
atue em sua plenitude.
Janderson começou sua carreira muito
novo e nesse período de atuação, a contribuição do seu trabalho foram peças
fundamentais e importantes nas muitas conquistas, acessos e grandes campanhas o
qual fez parte. Sempre se atualizando e buscando conhecimentos em sua área, o
profissional fez parte e entrou pra história da maior conquista do Ferroviário
em 2018 de Campeão Brasileiro (Série D).
Atualmente, Janderson Bessa está
trabalhando no Ferroviário Atlético Clube, junto com o treinador Anderson
Batatais, onde o Ferrão da Barra é o líder do Cearense 2020. Nesse Papo R14, o
preparador físico fala sobre suas conquistas e legados, a adaptação as novas
culturas e metodologia de treinamento, e suas expectativas quanto ao futuro da
profissão no futebol e nos clubes.
Em
primeiro lugar, conte um pouco sobre sua formação e a trajetória no futebol.
Quando chegou ao Ferroviário?
Formei-me em 2008 em Educação Física pela
UNIFOR. Em 2009 também terminei a graduação tecnológica em Gestão do Esporte e
Lazer pelo IFCE. Em 2009 terminei minha primeira pós-graduação em Treinamento
Desportivo pela UECE. Também em 2009 terminei a minha outra especialização em
Fisiologia e Preparação Física pelo IWL (Instituto Wanderlei Luxemburgo).
Comecei no futebol em 2006 em uma
escola de futebol em fortaleza para crianças. No mesmo ano recebi o convite
para trabalhar no SEC (Sociedade Esportiva Cajazeiras - clube de futebol
amador) com o Projeto Atleta Nota 10 com jovens de 15 a 20 anos. Um ano depois
tive a oportunidade de ingressar no primeiro time profissional para trabalhar
nas categorias de base do Tiradentes (CE), onde trabalhei com as categorias Sub-20,
Sub-18 e Sub-15 até chegar em 2008 na categoria profissional do Tiradentes.
Ainda em 2007 fui emprestado ao Baturité (CE) para disputar minha primeira
competição profissional, a terceira divisão do campeonato Cearense. Em 2008 sai
para o Uniclinic (atual Atlético Cearense), onde trabalhei nas categorias de
base e no profissional. Em 2008 conquistei meu primeiro titulo com a categoria Sub-18,
sangrando-se campeão Cearense. Em 2009 fui para o Pacajus (CE) disputar a
terceira divisão cearense sagrando-se campeão. Em 2010 fui trabalhar no
Botafogo (PB), onde tive a oportunidade de disputar o campeonato paraibano,
campeonato do nordeste e a copa Paraíba, da qual fomos campeões. Em 2010
retornei ao Tiradentes (CE), obtendo acesso da Segunda a primeira divisão do
Ceará. Em 2010 tive uma passagem de 45
dias no Confiança (SE). Em 2011 tive pelo Tiradentes e Ferroviário. Em 2012
fiquei no Tiradentes e fui para o Guarany de Sobral em maio de 2012 disputar o
meu primeiro campeonato Brasileiro da Série C. Depois em 2013 voltei para o
Tiradentes. Em 2015 fui para o Icasa (CE). Em meados de 2015 fui para o Floresta
(CE) , onde obtivemos o acesso da terceira a segunda divisão do Ceará. Em 2016
voltei para o Uniclinic onde fomos vice-campeão cearense. Continuei no
Uniclinic até 2018, onde o clube já tinha se transformado em Atlético-CE. Em
Abril de 2018 fui para o Ferroviário disputar o Brasileiro da Serie D, onde
conseguimos o titulo mais importante do clube e até hoje da minha carreira,
sendo Campeão Brasileiro. Em agosto de 2018 voltei ao Floresta onde continuei
ate outubro de 2019. Em 2020 tive a felicidade de retornar ao Ferroviário, onde
estou até o momento.
Conta
um pouco do teu começo no Projeto Atleta Nota 10 de Fortaleza, quais os
ensinamentos que aprendeu e tem praticado até hoje na tua vida e profissão.
Foram muitos ensinamentos, mas posso
citar alguns que considero mais importantes: ser criativo de acordo com as
condições que lhe são dadas no momento, a importância de todos os atletas em um
contexto social, a relação que o atleta que é primeiro um ser humano como outro
qualquer e depois um atleta, a importância da cooperação entre todos de um
clube-projeto. A importância de sempre está estimulando o aumento na busca do
conhecimento.
O
que exatamente faz o preparador físico e qual é a sua importância para um clube
de futebol?
O preparador físico é o responsável
por planejar e executar junto com a comissão técnica os treinamentos que visem
uma melhora de condição física-tecnica-tática, e que aumente a performance dos
atletas de futebol nos treinamentos e jogos.
A importância se dar ao fato de que o preparador físico junto com o
fisiologista e outros membros da comissão são os que detêm mais o conhecimento
especifico para que estes atletas atinjam o índice de performance na hora
certa.
Você
se inspira em algum preparador físico?
Inspiro-me em alguns profissionais do
Brasil e especifico no nosso estado, que tiveram e tem muito sucesso na nossa
área e detêm um grande conhecimento. Entre eles citaria: Antonio Melo, Fabio
Mahseredjian, Carlinhos Neves, Roger Gouveia, Roberto Farias. De fora do país
gosto muito do Lorenzo Buenaventura e Oscar Ortega.
Como
você vê o mercado atual da preparação física no futebol, com relação a
oportunidades e remuneração?
Vejo um mercado que cresceu muito nos
últimos anos e que vem exigindo um profissional mais capacitado e com mais
exigências que o futebol vem trazendo ano a ano. Isso faz com que os
profissionais busquem maior capacitação para atingir o nível de compreensão e
especificidade que o futebol se transformou.
Quanto à remuneração, acho muito relativo, pois vejo alguns clubes
valorizando este profissional, mas vejo outros ainda não dando o devido
valor.
Pelos
clubes que trabalhou como foram as suas relações com os técnicos? Com quem
trabalhou?
Graças a Deus, minha relação foi
sempre muito boa com os treinadores. Tive a oportunidade de trabalhar com cerca
de 30 treinadores onde pude trocar diálogos, conhecimentos e experiências para
a busca da evolução de rendimento dos atletas em cada clube. Prefiro não citar
nomes dos treinadores, pois foram muitos e tenho medo de esquecer algum. O que
posso dizer é que sempre pude aprender um pouco com cada um.
Os
técnicos se interessavam e opinavam na parte da preparação física?
Na maioria das vezes os treinadores se
interessaram e trocaram idéias sobre a preparação física. Isso para poder
buscar o maior rendimento da equipe com questionamentos sobre o assunto
especifico.
Comenta
um pouco das suas conquistas e o legado deixado nos clubes aonde trabalhou.
Gosto de ser desafiado a sempre a
novos desafios. Por isso, em 14 anos de profissão troquei de clubes umas 10
vezes. O Objetivo, além de buscar sucesso na minha profissão foi esse de deixar
sempre um legado ao clube e aos atletas, fazendo com que sempre agregar algo no
dia a dia do clube e atleta. Além de resultados dentro de campo, procuro deixar
com que o clube ao termino do meu contrato esteja sempre com condições de
trabalho melhor do que na minha chegada. Com relação a conquistas posso citar alguns:
Títulos: Campeão Brasileiro
série D 2018 (Ferroviário), Campeão da Copa Paraíba 2010 (Botafogo-PB), Campeão
Cearense do Interior 2015 (Icasa), Campeão Cearense Sub-18 2008 (Uniclinic),
Campeão Cearense 3ª Divisão (Pacajus-CE), Vice-Campeão Cearense 2016 1ª Divisão(Uniclinic),
Vice-Campeão Cearense 2010 2ª Divisão 2010 (Tiradentes-CE), Vice-Campeão Cearense
3ª Divisão 2015 (Floresta-CE);
Acessos: Série D Brasileiro
de 2018 para Série C (Ferroviário), Série C do Cearense de 2015 para Série B
(Floresta-CE), Série B do Cearense de 2010 para Série B (Tiradentes), Série C
do Cearense de 2009 para Série B (Pacajus-CE);
Melhores
colocações na história do clube: 5º colocado na Série D do Brasileiro
2013 (Tiradentes-CE), 3º colocado no Campeonato Cearense 2019 (Floresta-CE), 6º
colocado na Série D do Brasileiro 2019 ( Floresta-CE).
Quais
são os seus planos para o futuro? Você pretende em algum momento tentar a
carreira de técnico ou trabalhar em outro país?
Os meus planos para o futuro são poder
continuar buscando a evolução de cada atleta para a busca de resultados no
clube que estou. Também pretendo buscar trabalhos em outros estados e no eixo
sul-suldeste. Quanto a fora do país, é um sonho, estou me preparando e
esperando a hora certa e o momento certo para quando surgir a oportunidade está
pronto. O passaporte já está preparado rsrsrs.
Fotos: Arquivo Pessoal / Ronaldo
Oliveira / Lenilson Santos / JL Rosa
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