Viver do futebol no Ceará é um
desafio que exige talento, persistência e criatividade para garantir o
sustento. Longe dos grandes clubes e dos contratos milionários, atletas como
Kerven Duarte, Sonaly Araújo e Carlos Carpegiany enfrentam a instabilidade da
informalidade, dividindo o amor pela bola com o trabalho duro fora de campo.
Em Ibaretama, o goleiro Kerven
Duarte, o “Louro da Água”, concilia as defesas nos campos com
as vendas de água adicionada de sais. O jogador, que defendeu o Quixadá na
Série B estadual, garante renda extra em partidas amadoras, onde recebe de R$
400 a R$ 600 por jogo, valor que supera o antigo salário de clube, mas ainda
sem estabilidade.
A jogadora e árbitra Sonaly
Araújo, 36, também enfrenta o peso da incerteza. Sem salário
fixo, alterna entre jogos, entregas de moto e arbitragem para sustentar o sonho
esportivo. Mesmo com convocações para a seleção brasileira de futebol 7,
precisa recorrer ao microempreendedorismo e planeja estudar Educação Física
para garantir um futuro mais seguro.
Já o lateral Carpegiany,
34, acumula 22 clubes e hoje se define como um “operário da bola”. Além das
partidas no futebol amador, vende bonés personalizados para complementar a
renda. Assim como ele, muitos atletas cearenses transformam o improviso em
estratégia de sobrevivência. Em um cenário onde a informalidade domina, o
futebol segue sendo paixão, mas também um retrato das desigualdades fora dos
estádios.
Mesmo diante das dificuldades,
a trajetória de Kerven, Sonaly e Carpegiany mostra que a paixão pelo futebol
vai muito além de dinheiro ou fama. Cada partida e cada esforço fora dos campos
é prova de coragem, criatividade e determinação. Suas histórias lembram que
persistir nos sonhos, mesmo em meio à incerteza, é um ato de resistência e
esperança. Com dedicação e resiliência, é possível transformar obstáculos em
oportunidades e seguir jogando com o coração voltado para a vitória.
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Thiago Gadelha e Davi
Rocha