Para Rennan Weslley, o futebol
não é somente aquele esporte que passa na TV ou que ocasionalmente vamos até o
estádio para acompanhar uma partida. Tão pouco é o esporte da pelada de final
de semana ou o assunto principal na conversa entre amigos. É mais que isso!
Para Rennan o futebol é vida, liberdade, felicidade, vocação e paixão. É dentro
do campo, defendendo as cores do time dele, que o atleta se sente realizado.
Tal paixão e amor por chutar a
bola começou cedo. Rennan Weslley Ribeiro Cunha nasceu em Fortaleza (CE) e
desde criança foi envolvido e incentivado pelo pai Olegário Cunha a jogar
futebol, a bola ainda era grande para ele quando começou a dar os primeiros
chutes.
Rennan até chegar à Alemanha
construiu uma carreira entre altos e baixos e de conquistas pessoais, mas aos
18 anos teve que tomar a decisão mais difícil, de seguir com o sonho no futebol
ou servir ao chamado na igreja ao qual se congrega. Durante 2 anos foi servir o
chamado e retornou decidido a lutar novamente pelo seu sonho no futebol. A
convite do Darlan Pontes (professor e amigo) conheceu a Hattrick Academy
(empresa de intercâmbio esportivo que seleciona, prepara, educa e orienta
estudantes-atletas de 15 a 23 anos) onde se preparou e surgiu a oportunidade de
atuar na Alemanha.
Aos 22 anos, fez um grande
trabalho na equipe do Mülheimer 97 FC, da cidade de Mülheimer que é um distrito
de Duisburg pela Bezirksliga 2018/2019, ele tem vivido a experiência de
jogar no exterior, conhecer novas culturas, países e de estar correndo atrás de
seu sonho de ser jogador de futebol. Rennan com muito trabalho e disciplina tem
conquistando seu espaço no futebol de campo internacional.
Embora remunere bem seus bons
jogadores, o futebol alemão não é famoso pelas contratações milionárias, nem
por contar com os maiores craques da atualidade – fama atribuída aos
campeonatos espanhol, italiano e inglês. Porém, tem um futebol reconhecido
internacionalmente por sua organização, profissionalismo dos dirigentes e
competência em punir envolvidos em casos de corrupção nos gramados.
No momento, Rennan está
morando junto de sua esposa nos EUA, se preparado tecnicamente e fisicamente
para uma nova oportunidade no futebol e tendo experiências no lado educacional.
BATE BOLA COM RENNAN WESLLEY:
Como começou a sua paixão pelo
futebol?
Minha paixão pelo esporte
começou muito novo quando tinha apenas alguns anos de vida. Meu pai aos sábados
me levava para ver os jogos deles a Várzea de Fortaleza. Mas como um bom amante
do esporte eu não me contentava somente em ver, queria sempre jogar, mas era
muito pequeno então antes dos jogos eu corria pra estava os goleiros e ficava
chutando a bola para eles e foi aí que meu pai começou a ver que eu só queria
saber de futebol. Ele por diversas vezes tentou me dar presentes como carrinho
de brinquedo ou bonecos e eu nunca queria, só queria “bola de couro”. Era um
amor incondicional.
Você era uma das promessas da
base cearense, no seu melhor momento no Ceará onde estava para deslanchar de
repente tudo mudou, o que aconteceu?
Então tive alguns momentos
incríveis e inesquecíveis no futebol cearense. Lembro-me bem da época que
estava no Ceará. Confesso para você que tive momentos bons, mas tive momentos
em que quis parar de jogar futebol por causa de alguns acontecimentos que pra
um garoto de 15 anos era dolorido. Porém nada diminui o sonho foi quando recebi
um convite de ir ao Corinthians em São Paulo e com certeza foi o ápice da minha
carreira, estava indo para São Paulo pra jogar pelo time do coração. Foi tudo
muito bom, mas voltei a Fortaleza e fui convidado por um dos dirigentes na
época a jogar o Campeonato Cearense Série A pelo Itapipoca. Aceitei sem pensar
duas vezes. Foi outra experiência incrível.
Quais experiências e lições você
tirou no período que esteve representado o estado do Ceará por um grande
projeto de Fortaleza em grandes competições no estado de São Paulo?
Levar no coração e na mente o
Estado do Ceará sempre foi um motivo de orgulho pois foi onde nasci e me criei
e tenho um eterno amor por esse estado. As competições em São Paulo (que é o
maior Centro esportivo do País) sempre trazem bastante experiência e
conhecimento. Você conhece e ver jogadores e treinadores diferentes e isso faz
com que sua mente abra pra mais informação e é que sua evolução começa dentro
do Esporte.
Como foi tomar a decisão no
seu melhor momento aos 18 anos com convite de vários clubes para poder fazer a
missão de serviço da igreja?
Então essa parte é muito
especial para mim, mas muitas vezes ouvi comentários dolorosos e até mesmo
ofensivos, porém me orgulho disso. Na mesma época em que eu estava no Itapipoca
eu descobri que tinha um cisto que é chamado de cisto pilonidal e ele estava
localizado na minha coluna e o médico no qual me atendeu falou que teria que
fazer uma cirurgia de emergência pra a remoção, Quando eu ouvi essas palavras
parece que alguns sacos de cimento cairão sobre minhas costas, parecia que eu
estava em um pesadelo ou que aquilo não era verdade. Porém não tive escolha e
tive que fazer. Para resumir a história foram 6 meses de cama e nesse meio
termo com uma hemorragia que quase me tirou a vida. Porém foi mais uma vitória
que Deus me deu. Também nesse tempo de cama tomei a decisão de largar o futebol
por dois anos e servir Deus em uma Missão Religiosa da Igreja na qual eu
freqüento, que é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Naquela
época após essa decisão apareceram muitas oportunidades no futebol até mesmo
você Professor Ronaldo me ofereceu uma oportunidade de ir a São Paulo passar
por avaliações no Mogi Mirim, não sei se lembra disso. Porem eu já estava
decidido a fazer a minha missão. Servir essa minha missão por 2 anos em São
Paulo e foi os dois anos que mais aprendi em minha vida. Eu poderia ter jogado
em milhões de lugares, mas nenhum deles e mesmo todos eles juntos poderiam ter
me dado uma experiência como essa.
Como surgiu o convite para
atuar no futebol alemão?
Então quando voltei da missão
o amor pelo futebol não tinha esfriado, pelo contrário ele aumentou. Então
estava procurando por oportunidades e um grande amigo lembrou-se de mim na
época do Ceará que é o professor e grande amigo Darlan Pontes. Ele tinha e tem
até hoje um Projeto de intercâmbio para atletas estudantes. Naquela época ele
tinha portas abertas aqui nos EUA então fui até ele começamos os treinamento e
os preparativos para embarcar para EUA, porém nesse meio termo o Darlan
conseguiu fechar muitas parcerias e duas delas foram com a República Checa e
Alemanha. O Professor Darlan me fez o convite de ir para República Checa, porém
a data de embarca era importuna para mim, pois iria me casar alguns dias depois
daquela dela e acabei passando essa oportunidade então continuei treinando, me
casei alguns dias depois e quando estava na Lua de mel chegou o grande convite
de ir para Alemanha. Conversei com minha esposa e decidimos que eu não devia
perder essa oportunidade.
Quais as diferenças técnicas e
estruturais do futebol alemão para o futebol brasileiro?
Pra falar a verdade existe
somente uma diferença porém é a que move eles e faz com que tudo lá em relação
ao esporte dê de “7x1” no Brasil. Se chama comprometimento com o Esporte. Isso
move dirigentes e jogadores. Eles são amantes desse esporte de um jeito que me
impressionou. Eles respiram futebol. Eu tive a oportunidade de assinar contrato
com o Mülheimer 97 FC esse clube fica na Cidade de Mülheimer que é um distrito
de Duisburg. O clube joga a liga chamada Bezirksliga não uma liga tão alta,
porém tem muitos times de qualidade. Mas falando de estrutura era um time
relativamente novo e que não jogava uma Liga tão alta, mas tinha um estádio de
15 mil pessoas e com salários em dias tanto de atletas como de funcionários.
Falando da técnica é muito fácil dizer que o brasileiro nasci com o dom, porém
falta a nos um pouco mas de vontade e pé no chão as vezes. Muitos dos alemães
têm falta de técnica, porém são muito esforçados e dedicados ao futebol. Muitas
vezes se via que muitos times não davam mais de 2 toques na bola. Era um
futebol muito diferente, sem catimba, sem cai cai. Era um futebol de força e
raça.
Quais os requisitos para se
ter uma oportunidade em atuar no futebol alemão?
Não é fácil chegar a atuar
pelo futebol Alemão, tive alguns amigos que foram comigo mas por algumas
infelicidades não ficaram ou não quiseram ficar e voltaram ao Brasil. A maior dica
que poderia dar era a questão mental e física. Questão física por conta do
Futebol, sem condicionamento físico não joga lá. Como falei muitos deles não
tem técnica, porém a força compensa muito. E questão mental é pra sua vida lá.
Alemanha não é Brasil que sempre se tem um lugar pra ir ou familiares e amigos
pra bater papo. Lá cada um no seu lugar os companheiros de clube só se viam em
treinos e jogos. Na minha época tinha a sorte de ter 2 amigos brasileiros. Mas
talvez em outro canto poderia ser diferente e aí precisar ter mente forte para
pode suportar pressão e saudade. Eles não querem saber se você tá com saudade
quando joga mal. Então não adianta somente querer jogar na Alemanha, tem que se
qualificar pra isso.